Sonho com tantas coisas simples e diversas vezes já me refugiei da realidade nesses "lugares" criados pela vontade e pela imaginação. É lá que apenas o Bom e o Belo existem e a miséria, o desrespeito, a ignorância, o preconceito e a maldade deixam de ter vez.
Levo também pra esse mundo as músicas, porque acredito que elas são uma forma de ligação com O Mundo Superior, seja ele como quer que você o imagine. Ah, as músicas das quais falo são as que tocam a alma, as que já existiam antes que alguém as "percebesse" e as tocasse; você reconhece essas músicas? elas te falam ao espírito e ao coração? se sim, então somos iguais; se não, bem, o mundo é feito de diferenças!!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Nosso Carnaval.

          O Maracatu, ou Maracatu-Nação, ritmo que chegou ao Recife com os escravos das várias nações africanas, também se enraizou nessa terra. Com  o fim da escravatura no Século XIX, passou a ser visto como um fenômeno típico dos carnavais pernambucanos. É formado por uma percussão que acompanha um cortejo real, que nasceu com a tradição do Rei do Congo. É composto por um Porta-Estandarte, vestido à Luis XV, as Damas do Paço, os Duques e as Duquesas, Príncípe e Princesa, um Embaixador, o Barão e a Baronesa, entre outros, essa corte abre alas para o Rei e a Rainha, que se vestem com mantos de veludo bordados e enfeitados, desse cortejo participam entre 30 e 50 pessoas. A orquestra é composta apenas por instrumentos de percussão.
           Após um forte processo de decadência durante quase todo o século XX, nos anos de 1990 o Maracatu Nação voltou a ter importância em Pernambuco e sua musicalidade foi separada da dimensão religiosa herdada das nações africanas. Foi com esse novo contexto que o ritmo ganhou notoriedade, sendo divulgado e exportado para o mundo por Chico Science, o grupo Nação Zumbi e a Banda Mestre Ambrósio.
       

        Na noite da segunda feira de carnaval há o grande encontro dos Maracatus Nação de Pernambuco, é a Noite dos Tambores Silenciosos, sob a regência de Naná Vasconcelos, nesse encontro é preservado o sincretismo religioso. À meia-noite o ritual tem seu ponto máximo, nesse momento todas as luzes do Bairro de São José são apagadas e as pessoas presentes ficam em silêncio. Tochas são acesas e levadas até a porta da igreja de Nossa Senhrora do Terço pelos líderes das várias "Nações".
        Há ainda o Maracatu Rural, que nada tem a ver com o Maracatu Nação. Os dois distinguem-se pela organização, personagens e ritmo. Os personagens mais importantes são os Caboclos de Lança, que desfilam com suas roupas coloridas e seu cravo entre os lábios. Sua origem não foi totalmente desvendada, mas teve início nas cidades da Zona da Mata Norte de Pernambuco, sendo a festa de carnaval dos trabalhadores dos canaviais e lá ficou até 1930, devendo sua divulgação e fama à queda dos engenhos de açucar e ao consequente deslocamento do povo para as cidades e o litoral. Nos dias de hoje é comum vê-los e admirá-los nas diversas ladeiras de Olinda e nas ruas do Recife. 

                                     

          Composto basicamente por homens pobres e batalhadores, o Maracatu Rural é maravilhoso de se ver, emociona a quem assiste. Uma das mais belas músicas feitas em homenagem a esses trabalhadores, que durante o período do carnaval abandonam suas enxadas e as trocam por lanças, foi composta por Antonio Nóbrega (que eu adorooo!!) e Bráulio Tavares, seu nome: "O Rei e o Palhaço", é pura poesia e sentimento. Esse vídeo faz parte do DVD Lunário Perpétuo que é uma verdadeira obra prima desse artista pernambucano. Vale muito à pena asisistir, é um presente para os olhos e os ouvidos!

         

         Uma atração à parte nas festas carnavalescas pernambucanas são os Bonecos Gigantes de Olinda, esses monstros do carnaval já fazem parte das ladeiras olindenses desde 1931, sendo o popular Homem da Meia Noite o primeiro Boneco Gigante da Marim dos Caetés. Hoje em dia os Bonecos são uma representação bem pitoresca de celebridades e alguns políticos, mas os que continuam a encantar essa festa são os tradicionais Homem da Meia Noite, a sua esposa, a Mulher do Dia, Capiba, recebendo a vida das mãos e da arte dos foliões e artesãos olindenses.
         Eu, particularmente, não morro de amores pelo carnaval, não faz parte de mim "cair na folia" mas acho maravilhoso observar essa festa de cores e alegria, suas músicas e marchinhas, seus foliões e toda a história que o formou, uma grande bagagem cultural está inserida nas brincadeiras e como pernambucana sinto muito orgulho de dizer: "Recife eu te dou meu coração, meu coração vai nas águas do rio...", música do nosso querido Lenine.
         Quem colocar uma sandália nos pés, bastante protetor solar e pegar uma garrafinha de água mineral está mais do que pronto para essa festa, então Pernambuco está esperando de braços abertos pelos muitos foliões dispostos a subir e descer ladeiras e a cantar a plenos pulmões cada um dos "hinos" já consagrados em cada carnaval.



         Como sempre é muito gratificante ler cada um dos comentários, são eles que me incentivam a continuar. Cassinha, Lucy, Roseli, Léia e Moniquinha, muiiiito obrigada pela presença. Léia linda, quando vier não esqueça de me avisar, quem sabe não caio no frevo contigo?
         Beijosss e uma semana de muitas alegrias!

domingo, 22 de janeiro de 2012

O Carnaval está chegando....

          Olá!!! Desculpem a ausência prolongada, mas esse ano tem sido de mudança, mudança de casa! Quem já passou por isso sabe bem o trabalhinho que dá. Fiquei sem internet, sem tempo, mas com muitas saudades de vocês e de escrever! Mas mudando de assunto e falando sobre o blog, quero dar início a uma série de postagens sobre o carnaval, espero conseguir, mas para isso conto com a ajuda de vocês!
          Dia 21 de fevereiro, daqui a um mês, oficialmente, é o carnaval, mas em alguns pontos do país ele já começou. A história dessa festa remonta a tempos bem antigos, esse é o único ponto pacífico entre os historiadores. Segundo alguns essa festa era a forma de, 10 mil anos antes de Cristo, os antigos louvarem a boa colheita; já segundo outro ramo de historiadores tudo começou na Roma Antiga, com seus bacanais; há ainda outra corrente que atribui sua origem aos gregos, como a forma de celebrar a volta da primavera; e outra que localiza no Egito o início dessas festividades, como uma homenagem à deusa Isis e ao touro Apis.
          A própria palavra Carnaval é controversa, ninguém sabe ao certo o que lhe deu origem. São três as mais prováveis derivações: Carne Vale - adeus carne, Carne Levamen - supressão da carne e Carrus Navalis - Carro Naval. As duas primeiras expressões se referem ao início do período da quaresma, já a última se baseia nos cortejos marítimos e nos carros alegóricos em forma de barco, que eram usados tanto na Grécia quanto em Roma.
         A festa chegou ao Brasil em meados de 1600, influenciada pelas festas que aconteciam na Europa, particularmente nos desfiles franceses onde se usavam máscaras, daí vieram o pierrô e a colombina, nessa época era chamado de Entrudo. Alguns anos depois surgiram os Bailes de Máscaras, que foi a incorporação do luxo às festividades.
         O carnaval, já institucionalizado nacionalmente, se difundiu pelas diversas regiões do nosso País e foi se moldando às características de cada povo. No Rio de Janeiro e em São Paulo temos as famosas Escolas de Samba, em Pernambuco o carnaval de rua, com blocos, muito frevo e maracatu e em Salvador os trios elétricos.
          Pernambuco possui uma herança cultural riquíssima, a mistura dos vários povos que aqui chegaram e os que já estavam e seus costumes criou a nossa atual versatilidade musical, como o frevo, o maracatu,  a ciranda, o forró, as marchinhas e tantos outros gêneros que contribuem para essa festa de cores e alegria. Recife, a capital do Frevo, abre suas portas para o carnaval com o desfile do Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo, com a participação em 2011 de 1,6 milhões de pessoas, dançando e se divertindo pelas ruas da Concórdia, Av. Dantas Barreto e Praça do Diário, às margens do Capibaribe. O Galo, que observa tudo do alto de seus 5 metros, empoleirado na Ponte Duarte Coelho, atrai pernambucanos e visitantes há 34 anos e é sempre a mesma empolgação e descontração que toma conta dos seus súditos.

Galo da Madrugada na Ponte Duarte Coelho, sendo acompanhado pela multidão das ruas e pelos barcos no Capibaribe.

          O Frevo, que está presente nos quatro cantos do Estado, é uma música genuinamente pernambucana, do fim do século XIX, ela está entranhada em nossas veias, em nosso sangue, tanto a sua musicalidade quanto a dança, com a troca de pernas em forma de tesoura e os braços no ar, agitando a sombrinha. Os passos, criados da mistura de dança de salão da Europa, com passos de balet e dos cossacos, ganhou um gingado solto e acrobático, é lindo ver uma apresentação de frevo, todos ficam "frevendo". O ritmo é dividido em Frevo-de-Rua, Frevo-Canção e Frevo-de-Bloco, sendo esse último o carnaval para a família, com as marchinhas antigas e lirícas compostas com a melhor parte da poesia do carnaval.


Evocação nº 1

 
Passista no ar, tendo como plano de fundo o rio Capibaribe e a rua da Aurora.

           Além dos vários ritmos, o carnaval de Pernambuco também conta com vários personagens. Temos os Bonecos Gigantes de Olinda, os Papangus de Bezerros (que também estão embelezando outras partes do estado), o Caboclo de Lança do Maracatu, a Ursa, todos figuras criadas pelo imaginário popular ou adaptadas de outras culturas. Com relação aos Papangus, eu os vi semana passada no Sítio Histórico de Olinda, desfilando suas roupas coloridas e brilhantes, fiquei impressionada com a beleza daquelas figuras e nem imaginava o que eram (que vergonha!!), pensei que era um grupo fantasiado com máscaras de Veneza, afinal eu já havia visto uma Gôndola, com o gondoleiro vestido a caráter, nas águas mansas do rio Capibaribe! Imaginem a minha surpresa e alegria ao saber que aquelas maravilhosas figuras que os turistas faziam questão de fotografar, eram na verdade daqui mesmo. Assim é o nosso carnaval, repleto se surpresas e fantasias, até para quem é pernambucano!!!

Papangus de Olinda
 
Papangus de Bezerros

         Aproveitando o tema do post quero divulgar o trabalho de um grande amigo, Mário, com um belíssimo dom, assim como há quem nasça com o dom para escrever - Nora Roberts, J. R. Ward e Rosane Fantin, com o dom para a música - Andrea Bocelli, Il Divo, Elvis, Renato Russo......(não há como citar todos), Mário consegue transformar sonhos em fantasias, literalmente, todos os anos ele expõe e vende fantasias maravilhosas, creio que no Recife não há quem as faça com melhor qualidade e bom gosto. Suas lojas - Camarim Fantasias - estão na Avenida Rosa e Silva, nº 597 e no Shopping Paço Alfândega, Rua da Alfândega, nº 103, telefones (81) 3242-6143; 8871-7518; 8686-9567. Quem estiver no Recife ou quem vier a passeio deve aproveitar e visitar a loja, tenho certeza de que a fantasia de seus sonhos vai estar lá.
          César, Lucy, Léia, Ivete e Rô, muito obrigada pelos comentários no post passado, vocês são sempre muito gentis!! Pretendo voltar logo com a continuação desse assunto.
          Beijos a todos e uma maravilhosa semana!!!!!