Há exatamente 68 anos, em 19 de junho de 1944, nascia o maior representante da Música Popular Brasileira, Chico Buarque de Hollanda, o quarto dos sete filhos do historiador e sociólogo Sérgio Buarque e da pianista amadora Maria Amélia Cesario Alvim.
Apaixonou-se ainda na adolescência por música, futebol e literatura, seu gosto musical ia desde Noel Rosa e Ataulfo Alves até Elvis Presley e The Platters, mas foi ouvindo João Gilberto cantando Chega de Saudade que sua relação com a música foi alterada definitivamente, na época seu sonho era "cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e letra como Vinícius de Moraes", um sonho bastante despretensioso, rsrsrs.
Seu primeiro compacto, de 1965, era composto por Pedro Pedreiro e Sonho de Um Carnaval, sendo essa última sua primeira música a participar de um festival, a canção, defendida por Geraldo Vandré, não se classificou, mas apresentou ao público aquele que viria a ser um dos nomes mais emblemáticos do difícil período político vivido pelo Brasil. É quase impossível falar de Chico sem falar de História. Em 1966 venceu então o II Festival de Música Popular Brasileira com a música "A Banda", em 1967 viria a ficar em 3º lugar com "Roda Viva", música dele, que foi interpretada por ele e pela MPB4 (quem ainda não assistiu "Uma Noite em 67" assista, é maravilhoso), entre um e outro Festival participava de passeatas contra o Regime Militar; em 1968 voltou a vencer, dessa vez com a música "Sabiá" no III Festival Internacional da Canção.
Chico e MPB4 interpretando Roda Viva
Musicou peças de teatro e filmes, como "A Ópera do Malandro", "Bye, Bye Brasil", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Eu Te Amo", "Quando o Carnaval Chegar" e "Morte e Vida Severina", João Cabral de Melo Neto após ver os versos musicados disse que o poema era muito mais do Chico do que dele. Seus livros também são destaque: Estorvo, Benjamim, Budapeste e Leite Derramado.
Esteve desde a adolescência engajado nas causas populares e democráticas, possuidor de uma ideologia e valores admiráveis. Um socialista declarado e um dos maiores nomes na crítica política e da luta pela democratização do País, como já falei antes em outro post, Chico foi o cantor mais vigiado e censurado pelo regime militar, tendo sua obra sofrido perseguição em todas as áreas, afinal era o Brasil que tinha como slogan: "Ame-o ou Deixe-o!" e com nosso compositor não foi diferente, ficou exilado de 1969 a 1970, sendo perseguido mesmo depois de sua volta ao País.
Seu retorno ao Brasil foi marcado por muito "barulho",organizado por recomendação do Poetinha, muita gente o esperando no aeroporto, manifestações de amigos, depoimentos à imprensa. Lançou seu quarto LP e com ele a música que se tornou um hino de resistência à ditadura "Apesar de Você" (Uma das mais perfeitas!) sua sutileza poética e irônica foram tão marcantes que grande parte do público e a própria censura não perceberam nem entenderam as metáforas. O disco vendeu mais de 100 mil cópias, um feito inédito, e depois disso a canção foi censurada, os discos foram retirados das lojas e a fábrica fechada. Não havia dúvida, para o público o "Você" da música era o General Emilio Garrastazu Médici, em cujo governo foram cometidas as maiores atrocidades contra os opositores do regime. Um gênio como compositor, a excelência de Chico era tão rara, principalmente no cenário brasileiro dos anos entre 1960 e 1970, que suas letras não apenas elevaram a qualidade lírica de nossas canções como também fizeram com que o ouvido de um público mais atento reconhecesse imediatamente uma nova música sua. Segundo Millor Fernandes Chico era a única unanimidade brasileira!
Artista que aparece pouco na mídia, tímido, continua o mesmo homem criativo, inteligente e simples, que não se deixou impressionar pela fama nem mudar seu ritmo de vida. Ele ressuscitou a modinha, o chorinho, a seresta, e além disso enalteceu o samba e a marchinha, ele não se liga a modismos musicais, canta pra todas as idades, várias gerações, ele tem um fiel caso de amor com seu público, quem amava Chico há 30, há 40 anos provavelmente o ama ainda hoje, mesmo apesar de sua voz "chinfrin" como ele a denomina, não há como não se encantar com os versos cantados por ele. De todas as áreas dominadas por ele, a que mais me impressiona e que demonstra sua genialidade é a Música, por mais que tente não consigo eleger UMA música preferida, a que mais toca o coração, pra mim todas são especiais, seja as que falam de questões sociais, políticas, amizade ou romance, falando em romance Chico soube como nenhum outro cantar a alma feminina, soube traduzir em suas letras a paixão do ponto de vista de uma mulher, músicas como "O Meu Amor", "Atrás da Porta" ou "Com Açucar e Com Afeto" demonstram bem esse fato.
Encontrei essa "declaração" do cineasta Ruy Guerra e achei perfeita para traduzir Chico Buarque: "Parceiro de euforias e desventuras, amigo de todos os segundos, generosidade sistemática, silêncios eloquentes, humor afiado, serenas firmezas, traquinas, as notas nas polpas dos dedos, o verbo vadiando na ponta da língua - tudo à flor do coração, em carne viva...Chico Buarque não existe, é uma ficção. Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem tijolo, sem desenho, sem construção."
Por tudo que foi dito e pelo muito que faltou admiro o Cantor, Compositor, Escritor, Dramaturgo e o Homem, Chico consegue manter sua dignidade, convicções, seu respeito pelo povo, pelo público e pelo Brasil, não há melhor representante do nosso País, dentro ou fora dele. Parabéns Chico Buarque do Brasil.
Minhas queridas Roseli, Leia, Sandra e Gloria, muito obrigada pelos comentários no post de aniversário do Blog, também espero que muitos outros possam acontecer.
Uma semana de realizações e bênçãos!!!!
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