Sonho com tantas coisas simples e diversas vezes já me refugiei da realidade nesses "lugares" criados pela vontade e pela imaginação. É lá que apenas o Bom e o Belo existem e a miséria, o desrespeito, a ignorância, o preconceito e a maldade deixam de ter vez.
Levo também pra esse mundo as músicas, porque acredito que elas são uma forma de ligação com O Mundo Superior, seja ele como quer que você o imagine. Ah, as músicas das quais falo são as que tocam a alma, as que já existiam antes que alguém as "percebesse" e as tocasse; você reconhece essas músicas? elas te falam ao espírito e ao coração? se sim, então somos iguais; se não, bem, o mundo é feito de diferenças!!

domingo, 4 de setembro de 2011

A Riqueza Musical e os Ensinamentos dos Anos 60!

           Quando comecei a escrever esse post não imaginava a dimensão da riqueza musical desse período, isso em termos mundiais. Foram muitos os cantores, bandas e compositores que surgiram nessa época, tem música pra todos os gostos, festivais que se tornaram símbolo e que até os dias de hoje são mencionados como fato histórico ou como a marca de uma ideologia.
            A década de 60 foi recheada de tensão política (que trouxe guerra), de manifestos, de descobertas, de conquistas, de ganhos, de perdas. Foi nessa década que o homem chegou ao espaço, pisou na lua, Brasília foi inaugurada, o Brasil ganhou o bicampeonato mundial de futebol, o filme brasileiro "O Pagador de Promessas" conquistou a Palma de Ouro em Cannes, Martin Luther King, Jonh Kennedy e Che Guevara foram assassinados, morreu Marilyn Monroe, aconteceu o Golpe Militar no Brasil, teve início a Guerra do Vietnã, foi feita a primeira transmissão em cores da TV, ocorreu a construção do Muro de Berlim e foi enviada a primeira mensagem de e-mail entre computadores distantes. Claro que houve várias outras coisas, mas só o que citei já dá uma idéia do quanto os anos entre 1960 e 1969 foram ricos, polêmicos, violentos, tecnológicos, mas foi também nesse período que houve o fortalecimento dos movimentos pacifistas. 
            Com todos esses acontecimentos a música não podia deixar de ser influenciada por um contexto social, filosófico e de protesto, e foi o que aconteceu, não com todos, mas com grande parte dos músicos do período. No cenário internacional em 1960 surgiram os Beatles e nos anos seguintes Rolling Stones, Bee Gees, Led Zepelin, The Doors, Beach Boys, Bob Dylan, Tina Turner, Rod Stewart, Bob Marley, The Mamas and The Papas, Jimmi Hendrix, Pink Floyd e Janis Joplin ( como sempre é impossível citar todos). É do fim dessa década o famoso Festival de Woodstock.

            No Brasil, não menos rico musicalmente, tivemos o surgimento do Clube da Esquina, o Movimento Tropicália, Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Bethânia, Elis Regina, Rita Lee, Ronnie Von, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Wagner Tiso, Jair Rodrigues, Geraldo Vandré entre muiiitos outros. Em 1965 tivemos o início dos grandes festivais de música no Brasil, como o Festival de Música Popuplar Brasileira, o Festival Nacional de Música Popular Brasileira e o Festival Internacional da Canção. Foi nesses festivais que se destacaram músicas como "Arrastão", "Valsa do Amor que Não Vem", "A Banda", "Sabiá", "Travessia", "Roda Viva", "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", "Carolina" e "Andança". 

             Em 21 de novembro de 1962 o "Brasil" era aplaudido por mais de 3000 pessoas que lotavam o Carnegie Hall, nas primeiras filas da platéia estavam gênios do Jazz como Miles Davis, Tony Bennet e Dizzie Gillespie, eles aplaudiam a Bossa Nova, a nossa Bossa Nova, e os representantes que se apresentaram nessa noite memorável foram Tom Jobim e João Gilberto. O convite para a apresentação em Manhattan surgiu do presidente de uma gravadora americana, já que naquele ano "Desafinado" a canção-símbolo do gênero, havia vendido um milhão de cópias nos EUA. Esse gênero musical foi influenciado pelo Jazz americano, mas acabou influenciando e muito o estilo que lhe deu origem. Nem presica ser dito, mas eles simplesmente arrasaram!
             Em 1965, seguindo o estilo Beatlemaniaco, surgiu a Jovem Guarda, foi o primeiro movimento genuinamente pop a chegar no país, era a onda do iê iê iê, uma versão tupiniquim do yeah, yeah, yeah dos Beatles. Assim como a Bossa Nova, a Jovem Guarda também foi influenciada pela música anglo-americana, porém, não ajudou a melhorar a matriz, mesmo assim ela conectou o país com o mundo alucinado do pop e fabricou os primeiros ídolos jovens do Brasil. A Jovem Guarda era descompromissada e moderna, situações que não agradavam os jovens intelectuais que partilhavam um movimento de protesto e insatisfação com o período político do país (estamos falando em 1965!!!), por esse motivo os "jovens" cantores eram chamados de alienados e efêmeros pela juventude engajada com as lutas (como diria Geraldo Vandré: "Temos de fazer música participante. Os militares estão prendendo e torturando. A música tem de servir para alertar o povo."). Esse estilo não foi apenas musical, foi também comportamental e televisivo, assim, aproveitando a maré e criando uma gíria própria surgiram o "príncipe" Ronnie Von, a "garota papo-firme ou a ternurinha" Wanderléia, a "garota barra-limpa" Martinha, o "bom" Eduardo Araújo, afinal era tudo "uma brasa, mora?" O movimento ganhou até um programa de TV exibido pela Record a partir de 1965. Ironicamente a expressão foi tirada de um discurso de Lenin que dizia: "O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada". O programa era comandado por Roberto Carlos "o rei", Erasmo Carlos "o tremendão" e Wanderléia "a ternurinha". O programa se estendeu até 1968 e nele surgiram e ficaram famosos cantores como Jerry Adriani, Wandeley Cardoso, Sérgio Reis, Demétrius(???), Vanusa, Golden Boys, The Feavers....
           Como falei no início da postagem, esse foi mais um período riquíssimo, ganhamos muito em termos de música, aprendemos em termos de vida e fomos preparados para os períodos e as dificuldades que vieram depois. Não há como ficar alheio a tantas mudanças, de alguma forma elas teriam que se refletir nas músicas e na forma como a juventude do período transformou o mundo. Mais uma vez me desculpem pela música que esqueci, por aquela cantora ou cantor que não foi citado, a nossa música é muito rica e por esse motivo é impossível falar de todos, além do fato de que ficaria cansativo ler um texto muito extenso, rsrsrs. Mas estou aberta a sugestões como as feitas por Ana, Léia, Lucy, Cassinha e Rosane ( do blog ROMANCESAOVENTO.BLOGSPOT.COM).
            Por sinal, falando em sugestões, o vídeo no final do post "Elvis não morreu!" foi uma dica da Rô, você lembra amiga que, em um comentário no blog, disse amar "My Way"? E a tua maratona me emocionou querida, os comentários como sempre foram muito carinhosos e incentivadores!
           Deixo "Travessia" que ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1967, pra mim essa é uma das mais belas músicas brasileiras (uma das!!), "...Solto a voz nas estradas, já não quero parar....", acho que não vou mais parar.

            Bom, devo voltar a postar amanhã, afinal seria o aniversário de 65 anos de Freddie Mercury, e há muito o que falar desse gênio e dessa voz que deixou tanta saudade. Beijossss!!!!

5 comentários:

  1. Olá, Najda! Parabéns pelo blog ! Olha, adorei os posts das décadas de 70 e 60. Muito legais! A de 70, então, em que já me entendia por gente, guardo lembranças musicais incríveis. Aproveito para lhe dar uma dica, já que vc mencionou não conhecer várias bandas nacionais da época, tipo As Frenéticas (cheguei a vê-las em um show no Rio!). A Globo fez um "Por toda a minha vida", acho que em junho, com elas. Foi muito bom! Tenta ver ! Ah ! E o vídeo de "I will survive" me conquistou: sou daquelas que no momento do baile ou festa tocam essa música, corro pro dancing pra me esbaldar ! rsrsrs... Ah ! E tem um documentário brasileiro, "Uma noite em 67", em que se reconstitui a final de um daqueles festivais da MPB, de onde saiu a foto que vc postou de Chico com o MPB4. É ótimo! Todos estão lá (Edu Lobo, Caetano e Gil, Chico, RC, entre outros). Não perca ! E sucesso com o blog ! Beijão!

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  2. Oi Andréa!!
    Que bom te ver por aqui. Vou tentar conseguir esse programa sobre as Frenéticas que você falou. Quanto ao documentário "Uma noite em 67" fiquei sabendo dele, mas não deu pra falar no post, já estava muito extenso, mas estou louca pra assistir.
    Um dos cantores que esqueci de mencionar foi Wilson Simonal, percebi isso no momento em que li teu comentário, lembrei de você falando de "Meu Limão, Meu Limoeiro" e ainda por cima amooo "Sá Marina", uma pena.
    O bom é que qualquer dúvida que eu tiver em relação à História (e são muitas) vou poder te perguntar pessoalmente, rsrsrs.
    Brigadinha pela visita. Beijosss!!!!

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  3. Nossa Nadja... seus post são uma aula!!! Estou amando!!!! Beijossss

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  4. Nadja!Desculpe não te agradecer por teres colocado justo aquele vídeo de Elvis cantando My Way.Acho que estava tao emocionada aquele dia ouvindo e lendo o teu blog, que me esqueci de agradecer. Como nao podia deixar de ser este post de hoje me levou no tempo mais uma vez(nossa, como sou véia, gente..., pois lembro de assistir na nossa tv, em preto e banco, as apresentaçoes da Jovem Guarda. Eu sabia de cor todas as músicas deles). Apesar de todo o cenário político calamitoso, eu era uma criança e adorava ouvir e ver aquele pessoal alegre, cantando músicas românticas. Os Festivais da Record eram o máximo. Só prá te incomodar um pouquinho, Nadja, mas tenho que lembrar de Alegria, Alegria, do Caetano Veloso. Ele era uma figura esquisitíssima na época, cantando aquela música que fez o pessoal delirar. Muito magro, com roupas coloridas,cabelos grandes e cacheados, um sorriso lindo. Ai... Viajei de novo...
    AMEI o teu post. Tem muita coisa mesmo para recordar. Como já te disse antes, tem assunto para anos e anos a fio. Beijinhos doces prá ti, amada! E muito obrigada, de novo, por esses momentos de saudade...

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  5. Ripa na chulipa... estou em extase diante de tantas feras que surgiram nessa época que vem extendendo anos e anos em nossos ouvidos que por motivos e outros nem temos o conheçimento de suas bases lá atrás. Estava pensando como a música atravessa ñ só fronteiras, mas o ser humano, nessa época em plena guerra, na dor de uma perda, ou numa saudade, numa leitura, alguém dispunha de um rádio e ali se reeconfortava ao som de uma bela música. Viva aos anos 60, Viva a existência da música que faz a história.

    Bom amiga já que está aberta á sugestões, ñ posso deixar de citar o cantor Roberto Leal que iniciou sua carreira no final dos anos 60 logo que migrou ao Brasil. Sei q ele ñ é famosão, mas tem grande significado pra mim. Minha mãe era tão fã dele que colocou o nome dele no meu irmão (ambos irmão e minha mãe estão no céu). Fica ai minha sugestão bobinha... kkk

    * * *Beijão Querida* * *

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