Voltando à trilha do trem.... afinal eu havia me desviado em umas estações para fazer algumas homenagens mas voltei pra continuarmos o passeio musical pelas décadas passadas.
Antes de iniciar esse post achei que seria bem difícil trazer músicas da década de 1940, foi então que me surpreendi com a maravilhosa riqueza e sentimento das músicas desse período e como elas deixaram suas marcas....
No cenário internacional as composições não eram diferentes, as apresentações eram acompanhadas de orquestra, e os músicos se apresentavam impecavelmente bem vestidos, músicas como "Green Eyes", "All The Things", "In The Mood", "I'll Never Smile Again" e cantores como Glen Miller, Tommy Dorsey, Jimmy Dorsey, Freddy Martin e Sammy Keye, embalavam os sonhos e bailes de jovens americanos que conseguiram ficar distantes das atrocidades que aconteciam.
Não há que se falar em alienação da juventude da época, os meios de comunicação eram completamente diferentes do que temos hoje, com notícias em tempo real e o mundo cada vez "menor". Naquela época o mundo era imenso, sua dimensão era una, hoje a dimensão da terra em termos fisícos continua imensa, porém em termos de tecnologia e acessibilidade é miníma, o mundo inteiro interage instantaneamente com os fatos e novidades, então os casais e bailes da década de 1940 não eram alheios à barbárie, eles apenas continuaram inocentes por mais tempo e demoraram um pouco a serem apresentados à cruel realidade.
Infelizmente o nosso mundo atual não permite mais esses momentos sem correria, de lirismo e saudosismo, esses galanteios seguidos por sorrisos encabulados e acompanhados por uma música que traz em si tudo que precisa ser dito. Hoje, tudo é pra ontem. Quem tiver a curiosidade de escutar uma música daquele período ou de assistir um filme vai perceber a grande diferença, até na forma de falar, os erres (R) e os eles (L) são explorados, são sentidos, hoje precisamos atropelar as palavras, estamos nos "maquinizando", Chaplin já previa isso em "Tempos Modernos" e até as músicas estão seguindo essa tendência. Um ótimo site de músicas por época é o http://www.paixaoeromance.com/40decada/aber40/40musicas.htm, recomendo.
Cassinha e Ana, muito obrigada queridas pelos comentários no post passado, eles me fazem continuar, e sim Ana, conheço bem de perto as ladeiras e casarios de Olinda, amo aquela cidade que parece ter parado no tempo e onde tudo se transforma em música.
Uma semana maravilhosa pra todos!!!
Antes de iniciar esse post achei que seria bem difícil trazer músicas da década de 1940, foi então que me surpreendi com a maravilhosa riqueza e sentimento das músicas desse período e como elas deixaram suas marcas....
No contexto histórico a década de 1940 foi, como todos sabem, de um completo caos e destruição da dignidade humana, não apenas no que diz respeito à 2ª Grande Guerra, mas também por todas as mentiras contadas com a finalidade de justificar a abominação e silenciar a humanidade, não no sentido de sermos humanos mas pelo que esse termo traz de sentimento e emoção. Foi nesse período que aconteceu o extermínio de milhões de pessoas, porque faziam parte de grupos politicamente indesejados pelo regime nazista, ou seja, o Holocausto (termo que a partir do século XIX foi usado para designar catástrofes e massacres, antes disso designava sacrifícios e rituais religiosos na Antiguidade), o Brasil entrou na Guerra, foram jogadas as bombas atômicas sobre Hiroxima e Nagasaki, sendo que o alvo eram civis, cidadãos comuns, homens, mulheres e crianças, afinal essas duas cidades não eram alvos militares importantes, lembrando Vinícius, nosso Poetinha, "Pensem nas crianças mudas telepáticas, pensem nas meninas cegas inexatas, pensem nas mulheres rotas alteradas, pensem nas feridas como rosas cálidas, mas não se esqueçam da rosa da rosa, da rosa de Hiroxima a rosa hereditária, a rosa radioativa estúpida e inválida, a rosa com cirrose a anti-rosa atômica, sem cor nem perfume sem rosa sem nada" e a inesquecível e pungente frase do piloto do Enola Gay: "Meu Deus, o que foi que nós fizemos? é desse período o suposto suicídio do senhor Adolf Hitler (a História oficial diz que ele morreu naquela época....), teve início a Guerra Fria. Foi criado o ENIAC, que foi o primeiro computador, foram criados o FMI, a ONU, a OTAN; por causa do cinema todas as mulheres queriam ser Rita Hayworth, Ava Gardner e Ingrid Bergman; Marilyn Monroe surgiu pela primeira vez nas telas e Gandhi foi assassinado.
Apesar desse contexto tão perturbador as músicas criadas na época não denotavam o sofrimento existente na população mundial, na verdade essas músicas falavam de lirismo e amor platônico, os homens eram boêmios e as mulheres consideradas deusas. No Brasil, a Radio Nacional recebia constantemente telefonemas de apaixonados com pedidos de músicas para suas amadas, e inevitavelmente a campeã desses pedidos era "A Deusa da Minha Rua", de 1940, (que faz parte da trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro), e não era apenas na rádio que eram tocadas, quando as festas chegavam com suas rodas gigantes, carrosséis e algodão doce em alguma cidade, também tinham seu sistema de som e vez ou outra uma senhorita ouvia seu nome nos alto falantes e recebia uma música oferecida, geralmente, por algum cavalheiro anônimo. Outras músicas que encantavam os casais eram "Aquarela Brasileira", "Ave Maria do Morro", "Amélia", "Nunca Mais", "Marina", "Leva Meu Samba", "Atire a Primeira Pedra", "Mensagem", "Caminhemos", "Segredo", "Última Inspiração", "É Doce Morrer no Mar", todas elas falavam de saudade, dor, tristeza, abandono e declaração, os músicos que as compuseram pareciam conhecer bem o assunto sobre o qual cantavam. Alguns dos grandes nomes, hoje praticamente esquecidos, são: Ataulfo Alves, Braguinha, Herivelto Martins, Newton Teixeira, Mário Lago, Luiz Gonzaga, Aldo Cabral, Cícero Neves, Carlos Galhardo, José Fernandes de Paula, Silvino Neto, Francisco Alves, Lamartini Babo, Marlene, Emilinha Borba, Silvio Caldas, Ary Barroso, Nelson Gonçalves, Ademilde Fonseca, Carmem Miranda, Pixinguinha (é dele essa frase: "Não se concebe Brasil sem samba, é através dele que se unem todas as raças e penetramos na dimensão eterna do tempo", ele estava certo!), Noel Rosa e Cartola.
Versão cantada no filme Lisbela e o Prisioneiro, achei melhor do que na voz de Zélia Duncan
Não há que se falar em alienação da juventude da época, os meios de comunicação eram completamente diferentes do que temos hoje, com notícias em tempo real e o mundo cada vez "menor". Naquela época o mundo era imenso, sua dimensão era una, hoje a dimensão da terra em termos fisícos continua imensa, porém em termos de tecnologia e acessibilidade é miníma, o mundo inteiro interage instantaneamente com os fatos e novidades, então os casais e bailes da década de 1940 não eram alheios à barbárie, eles apenas continuaram inocentes por mais tempo e demoraram um pouco a serem apresentados à cruel realidade.
Infelizmente o nosso mundo atual não permite mais esses momentos sem correria, de lirismo e saudosismo, esses galanteios seguidos por sorrisos encabulados e acompanhados por uma música que traz em si tudo que precisa ser dito. Hoje, tudo é pra ontem. Quem tiver a curiosidade de escutar uma música daquele período ou de assistir um filme vai perceber a grande diferença, até na forma de falar, os erres (R) e os eles (L) são explorados, são sentidos, hoje precisamos atropelar as palavras, estamos nos "maquinizando", Chaplin já previa isso em "Tempos Modernos" e até as músicas estão seguindo essa tendência. Um ótimo site de músicas por época é o http://www.paixaoeromance.com/40decada/aber40/40musicas.htm, recomendo.
Cassinha e Ana, muito obrigada queridas pelos comentários no post passado, eles me fazem continuar, e sim Ana, conheço bem de perto as ladeiras e casarios de Olinda, amo aquela cidade que parece ter parado no tempo e onde tudo se transforma em música.
Uma semana maravilhosa pra todos!!!
Minha amada amiga,amei,você me fez viajar num tempo que minha avó cantava essas músicas e eu voava para um lugar onde tudo era perfeito e de onde não queria voltar,um lugar cheio de algodão doce cor de rosa,cheio de sons e sonhos,sonhos lindos de esperança.Ameiiiiiiiiiii,beijo grande<3
ResponderExcluirNadja! A cada leitura de um post teu não canso de admirar a forma com que colocas tão bem a ambientação da época,situando perfeitamente o quadro mundial em que as músicas eram compostas. Tens um talento natural para escrever e levar o leitor a vivenciar o que relatas. Por favor, nem pensas em parar de escrever e em manter viva a história musical mundial e nacional.
ResponderExcluirBeijos, meu anjo!
Estupendo esse ano, melhor de todos que nascia meu Papy...kkk, e claro ano que surgia riquezas musicais em meio tanta crueldade. Quem puder dispor de um tempinho e voltar no tempo, faça que não vai se arrepender.
ResponderExcluirBeijãoo